Antropologia
5. A CULTURA É DINÂMICA
“Num exercício de imaginação,suponhamos que um dos missionários jesuítas do século XVI, durante a sua permanência no Brasil tenha dividido as suas observações entre o comportamento dos indígenas e os hábitos das formigas saúva .[...] durante quase meio milênio , as habitantes do formigueiro repetiram os procedimentos de suas antecessoras, obedecendo apenas às diretrizes de seus padrões genéticos. Supondo, por outro lado numa hipótese quase absurda, que um dos grupos indígenas observadas tenha sobrevivido aos quatro séculos de dizimação,graças a um isolamento em relação aos brancos, o que constataria um antropólogo moderno?” (p. 94).
“A tendência de muitos leigos seria a de responder que essas pequenas sociedades tendem a ser estáticas e que portanto, o antropólogo confirmaria as observações do missionário. Essa tendência decorre do fato de que as chamadas sociedades simples dão realmente uma impressão de estaticidade.” (p. 94).
“[...] A resposta é negativa. Em primeiro lugar, porque os ritos religiosos situam- se entre as partes de uma sociedade que parecem ter uma menor velocidade de mudança. Em segundo lugar, porque a foto não cobre todas as variáveis do ritual. Consideremos que, em vez do ritual xinguano, os dois documentos retratassem uma parte da missa católica. O aspecto apenas visual dos mesmos daria a falsa impressão de que não houve nenhuma mudança no ritual. E nós sabemos que estas mudanças ocorreram.” (p. 95).
“A resposta do antropólogo seria, portanto, diferente da maioria dos leigos. O espaço de quatro séculos seria suficiente para demonstrar que a referida sociedade indígena mudou , porque os homens ao contrario das formigas, têm a capacidade de questionar os seus próprios hábitos e modificá-los. O antropólogo concordaria, porém, que as sociedades indígenas isoladas tem um ritmo de