Antibióticos: do uso ao abuso
2012;78(2):2.
Para citar este artigo, use o título em inglês
BJORL
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EDITORIAL
Antibiotics: from use to abuse
Antibióticos: do uso ao abuso
A descoberta da penicilina, em 1928, e sua produção para utilização em ampla escala, no início dos anos 40, causou grande impacto na Segunda Guerra Mundial; minha família testemunhou este momento, quando meu pai acometido de uma apendicite complicada com peritonite e, já sem esperanças de sobrevida, foi salvo pela administração de penicilina obtida a duras penas num hospital militar. Hoje, vivemos uma situação inversa, o abuso no consumo de antibióticos: mesmo sem saber, todo dia nos
“alimentamos com antibióticos” que são incluídos na ração do gado e na agricultura; outro fator de abuso é o uso inadequado de antibióticos. Como exemplo, 50% a 60% dos pacientes com resfriado ou gripe, que são causados por vírus e, portanto, não respondem a antibióticos, fazem uso desnecessário de antibióticos.
O aumento do consumo de antibióticos na comunidade elimina as bactérias mais fracas e seleciona as mais fortes, ou seja, leva ao aparecimento de superbactérias, resistentes a multiantibióticos, responsáveis pelas infecções hospitalares que hoje matam mais americanos do que a AIDS; está comprovado que o aumento da resistência bacteriana cresce paralelamente ao aumento do consumo de antibiótico numa comunidade. Por outro lado, enquanto as bactérias são campeãs de evolução e, assim, sobrevivem há 4 bilhões de anos, a pesquisa de novos antibióticos diminuiu de 1980 para cá, em virtude da indústria farmacêutica priorizar a busca por remédios mais lucrativos, como os de uso prolongado no diabetes e no câncer. Basta lembrar que a associação amoxicilina
– clavulanato, indicada para IVAS bacterianas (H.influenza e moraxella) resistentes à amoxicilina simples, “festeja”, este ano, 30 anos de existência.
Se contabilizarmos que as IVAS e a pneumonia são responsáveis por 60% das prescrições ambulatoriais de
antibióticos,