Ansiedade da influência
Título de uma obra (The Anxiety of Influence: A Theory of Poetry) do crítico e académico norte-americano Harold Bloom, publicada em 1973 e ao longo da qual se exploram os modos pelos quais os poetas se relacionam com os seus precursores. Embora um qualquer estudo sobre a influência poética possa facilmente convidar à adopção de um modelo de contornos deterministas ou à simples detecção de tropismos mais ou menos conscientemente assumidos, Bloom procura evadir-se das tentações de um olhar meramente causal, argumentando que em poesia a influência deriva sobretudo de um particular acto de apropriação desviante (várias vezes o autor se socorre do verbo to swerve) do texto percursor, pelo que o poeta tentará na sua própria escrita corrigir de forma criativa aquilo que julga o seu antecessor não ter realizado plenamente.
Desde o seu primeiro livro, Shelley’s Mythmaking (1959), o pensamento de Bloom tem-se demarcado das abordagens mais ortodoxas do texto literário, quer estabelecendo os seus próprios padrões de valor, estéticos e espirituais, relativamente àquilo que considera ser a literatura, quer procurando no seio desta, e não em propostas de análise fundidas em rígidos moldes científicos, as respostas para os desafios interpretativos perante os quais todo o leitor se vê colocado. O estudo do legado romântico, que se estendeu, aliás, por várias obras publicadas ao longo da década de sessenta, permitiu-lhe ainda consolidar duas ideias relevantes para a fundamentação teórica de The Anxiety: por um lado, vê o Romantismo como ocupando uma posição fulcral na literatura do pós-Renascimento; por otro, crê que o poeta romântico, ao invés de se lançar na aparente busca de harmonia com a natureza, afirma-se pela recusa heróica do tempo e da matéria.
É partir destes estudos que a poesia começa a esboçar-se aos olhos de Bloom como aquele conhecimento que simultaneamente transcende a História e supera a natureza na demanda da imortalidade. Isso não