Anos Loucos
Em 1918, os criadores de moda compreenderam que tinham que se ajusta a um mundo novo. Dois fatores vão determinar as tendências da moda dos anos do pós-guerra, conhecidos na França por Années Folles (Anos Loucos). Muitas pessoas, antes bem estabelecidas, mudaram de faixa social. A classe média, que se aplicou suas economias em empreendimentos na Rússia dos czares, viu-se, de repente, arruinada. No alto da escala social, os nobres também se tornaram menos numerosos. A alta-costura voltou-se, então, para uma nova clientela: atrizes, atores, escritores e outros artistas, americanos, que enriqueciam com a guerra, além dos poucos nobres que subsistiram. Esse novo público frequentava boates da moda, onde o jazz fazia sucesso. Segundo o grande escritor americano Ernest Hemingway, Paris era, para os artistas, uma “permanente festa”, e Montparnasse, o bairro parisiense onde se instalaram os artistas, tornou-se o “bairro da moda”.
A nova clientela foi o primeiro fator ao qual a alta-costura teve que se adaptar. O outro fator foi o anseio de emancipação das mulheres. Surgiu com isso o estilo andrógino ou à la garçonne (à moda das mocinhas de vida independente), que incorporava elementos masculinos. A mulher, que havia se tornado capaz de abandonar uma vida de futilidades, queria valorizar-se, tirar os véus que encobriam seu corpo, fumar, dirigir automóveis, usar cabelos curtos. A moda passou a misturar componentes femininos e masculinos. Na roupa para o cotidiano, a saia ampla que dominara os anos da guerra foi substituída, em 1919, pela linha “barril”, que tinha um efeito tubular. Um historiador de moda inglês descreve essas roupas: “as saias ainda eram compridas, mas houve uma tentativa de confinar o corpo em um cilindro. O busto era de menino, e as mulheres começaram até a usar ‘achatadores’ (tiras de pano, sem barbatanas, que comprimiam o busto), a fim de se adaptarem à moda. A cintura desapareceu por completo, e já