Annie Leonard e sua revolução do consumo
Em um vídeo de aproximadamente 20 minutos, com desenhos de traços simples e linguagem dinâmica, Annie Leonard abre nossos olhos (estarrecidos) e nos hipnotiza, mostrando os efeitos do consumo excessivo e de uma economia de acúmulo de "coisas". A história das coisas (The Story of Stuff, em inglês) é resultado de 20 anos de pesquisa da ambientalista norte-americana, que visitou fábricas e depósitos em mais de 40 países e faz questionamentos como de onde tudo vem e para onde tudo vai, por que somos tão consumistas e será que conhecemos mesmo a cadeia produtiva? O vídeo foi assistido por milhares de pessoas, tendo o Brasil como maior telespectador, e virou livro em 2010. Uma das primeiras percepções que temos ao assistir ao filme é "Por que nunca pensei dessa forma?". Por mais esclarecidos que sejamos - pois, por menos que seja, sabemos das implicações de nossa sociedade baseada no consumo - nosso pensamento tende a ser linear no que compete à origem e destino do que compramos e consumimos todos os dias. Talvez, dependendo do nível de erudição, acrescentamos um ou mais blocos a esse fluxograma. São poucos os que logo percebem quão intrincada e interdependente é a rede de relações desse sistema. Nossos olhos estão "viciados" e limitados a ver apenas os objetos, não as relações. Annie nos força a entender que não se trata da matéria-prima, da fábrica, da distribuidora, do consumidor, mas sim do processo extrativista e suas conseqüências, do processo de fabrico e o envolvimento das pessoas, do desenvolvimento da necessidade de compra, do processo de consumo e descarte. O foco do estudo de Annie foi a cadeia produtiva norte-americana, mas sendo esta a cultura central e considerando a globalização nos dias de hoje, é aplicável a qualquer outra. Ela nos apresenta dados chocantes, como o fato de que apenas 1% de tudo que é produzido na América do Norte ainda estar em uso após seis meses, ou seja, 99% do que é colhido,