3652
SOCIOLOGIA E MÚSICA
Do difícil começo à boa garoa – análise da música Sampa, de Caetano
Veloso.
Poliana Jacqueline Queiroz6
Leonardo Yamamura Bueno7
No dia a dia das grandes cidades – aglomerados de gente anônima, dos eternos transeuntes – muitos se esquecem de parar e perceber o mundo ao seu redor. Tomados pelo cotidiano, deixam de olhar, ouvir e pensar sobre tantas formas de interação que, julgadas compreendidas, apenas são apreensões supérfluas das experiências de outrem. Fruto da experiência de intensificação da vida nervosa a que remete Simmel (2005: 571), o espírito blasé e anímico dos citadinos surge em contraposição com a velocidade das transformações da vida econômica, profissional e social. “É cultural”, se diz para os comportamentos diferenciados e que só se multiplicam pela urbis. Aceitação sem atenção. Mas o que se esconde por trás de tal olhar é o reducionismo e tantas outras formas caricatas de estereotipar o outro.
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João...
E quando vamos de uma cidade a outra? As imagens construídas pelas propagandas e pelas agências de turismo, bem como a cidade experimentada pelas personagens das novelas e das obras literárias (e mesmo as músicas!) produzem pontos de vistas distintos olhando questões igualmente distintas da cidade vivida e compartilhada que edificam na mente das pessoas uma cidade ideal.
É sobre a chegada neste outro universo que se trata a música Sampa, do cantor Caetano
Veloso8, resenhada no presente trabalho. A partir da transformação do olhar que o eu-lírico da música experimenta ao chegar e viver a cidade de São Paulo, entendemos que tal letra é “boa para