Anencefalia
cérebro do feto durante a gravidez, geralmente durante os 23º e 26º dias da gestação. A
palavra anencefalia significa “sem cérebro”, mas o termo não está totalmente correto, já
que o bebê atingido não possui partes do cérebro, mas o tronco cerebral está presente.
Quando um bebê anencéfalo sobrevive após o parto, as estatísticas mostram que terá
apenas algumas horas ou dias de vida. A anencefalia é um tipo gravíssimo de defeito
do tubo neural, que é um canal estreito que se dobra e fecha para formar o cérebro e a
medula espinhal do embrião.
A jurisprudência (decisões de Tribunais sobre um mesmo assunto, formando
um entendimento comum), foi aberta porque é possível diagnosticar com clareza essa
condição pelo uso da ultrassonografia. Dr. Thomaz Gollop lembra que a anencefalia
foi um dos primeiros diagnósticos reconhecidos por ultrassom, na década de 1960,
nos EUA e Inglaterra. “Há mais de 50 anos se faz esse diagnóstico com absoluta
segurança”, afirma ele.
Gabriela de Oliveira Cordeiro de apenas 18 anos, tornou-se nacionalmente
conhecida em março de 2004, pela apresentação de um habeas corpus em seu nome
no Supremo Tribunal Federal, pois em novembro de 2003, uma ecografia atestou que
o feto que gerava em seu ventre era anencéfalo. Durante quatro meses, Gabriela ficou
a espera das deliberações da Justiça, que oscilou entre negar e autorizar seu pedido de
antecipação do parto. Quando seu processo alcançou o Supremo Tribunal Federal e os
ministros preparavam-se para julgá-lo, Maria Vida, seu feto que resistiu sete minutos
após o parto, já havia morrido. Gabriela e Maria Vida protagonizaram uma história
silenciosa de pelo menos 15 anos no Brasil. Desde 1989, foram concedidas cerca de
5.000 autorizações judiciais permitindo que mulheres interrompessem a gestação em
casos de anomalias fetais incompatíveis com a vida