analise
Segundo pesquisa realizada pelo Censo Demográfico 2000, a população surda global está estimada em torno de 15 milhões de pessoas que compartilham o fato de serem linguística e culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e cinquenta mil casos, sendo que a maioria das pessoas surdas utiliza a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
Durante muito tempo, a surdez foi vista como uma doença igual a qualquer outra, que necessitava de "cura” que, normalmente, constituía-se de tentativas de oralização dos deficientes auditivos para que pudessem ser inseridos na “comunidade dos ouvintes”. Era comum que os pais de uma criança surda a colocassem em uma escola de oralização para que ela aprendesse a ler lábios e, em seguida, aprendesse a emitir sons e formar as palavras da língua nativa de seu país. Com isso, muitos surdos ficaram anos sem conhecer a sua verdadeira língua e, por isso, não conheciam também sua verdadeira cultura e seus costumes. Acreditava-se, nessas escolas de oralização, que o uso de sinais faria os alunos surdos ficarem "preguiçosos" e não se motivarem a aprender a língua falada, como era a língua de qualquer "pessoa normal". A língua falada, na verdade, não é a língua original de uma criança surda, pois, assim como os ouvintes tem a propensão em falar o português, no Brasil, por exemplo, o surdo tem a sua língua natural também, que é a língua de sinais.
Depois de muitos fracassos por parte dessas escolas e, principalmente, muitos anos de luta dos surdos pela conscientização da língua e da cultura surda, o mundo foi mudando. Para os surdos brasileiros, a língua portuguesa é sua “segunda língua”, afinal ela não veio “ao natural" como a língua de sinais. Mas ela não deixa de ser uma língua secundária apreendida pelo surdo, que apesar de não oralizar essa língua, usa-a na escrita e na leitura, como forma de se comunicar