analise poema enquanto quis fortuna que tivesse
Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus versos escrevessem.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho co tormento,
Para que seus enganos não dissesse.
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são, e não defeitos...
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos!
O texto fala nas contradições do amor onde autor se baseia nas suas experiências vividas como nos é mostrado na última estrofe ao dizer “Verdades puras são, e não defeitos”.
O poeta escreveu sobre o amor enquanto o destino lhe permitiu onde diz “que tivesse esperança de algum contentamento”, ou seja o poeta escreveu enquanto acreditou que o amor lhe iria dar alegrias mas o seu medo de enganar alguém não apaixonado “escureceu-[lhe] o engenho” de escrever.
No poema é também feito um apelo a todos que lêem aquele poema dizendo-lhes “segundo o amor tiverdes/ tereis o entendimento de meus versos” o que indica que os leitores entenderão os seus versos caso estivessem apaixonados.
1 Estrutura interna 2 quadras
Na primeira quadra, observamos o papel do destino (Fortuna) e, na segunda, confrontamo-nos com o Amor .
Note-se que a transição da primeira para a segunda quadra é feita através do conector "porém", o que, desde logo, antecipa a adversidade nela contida.
2ª parte, constituída pelos tercetos, em que o poeta avisa para a veracidade de seus versos, cujo entendimento será tanto melhor quanto maior a experiência (porventura dolorosa) do mesmo amor.
2 Algumas figuras de estilo:
3 metonímia (v. 5 (Amor, o Cupido, tomado pelo próprio sentimento do amor);
4 antítese (estabelecida entre a atitude adjuvante da Fortuna, na primeira quadra, e a de oponente, por parte do Amor, na segunda);
5 apóstrofe (v. 9).