"Enquanto quis Fortuna que tivesse” - Camões
Poesia lírica de Camões: “Enquanto quis Fortuna que tivesse”
Enquanto quis fortuna que tivesse A
Esperança de algum contentamento B
O gosto de um suave pensamento B
Me fez que seus efeitos escrevesse A Porém, temendo Amor que aviso desse A
Minha escritura a algum juízo isento B
Escureceu-me o engenho co tormento B
Para que seus enganos não dissesse A Ó vós, que Amor obriga a ser sujeitos C
A diversas vontades! Quando lerdes D
Num breve livro casos tão diversos, E Verdades puras são, e não defeitos… C
E sabei que, segundo o amor tiverdes, D
Tereis o entendimento de meus versos! E
O poema é constituído por:
14 versos;
2 Quadras e 2 tercetos (Soneto);
10 sílabas métricas (decassílabo): En/quan/to/quis/For/tu/na/que/ti/vesse ;
É do tipo Renascentista.
Assunto: O texto fala nas contradições do amor onde autor se baseia nas suas experiências vividas como nos é mostrado na última estrofe ao dizer “Verdades puras são, e não defeitos”.
O poeta escreveu sobre o amor enquanto o destino lhe permitiu “que tivesse esperança de algum contentamento”, ou seja o poeta escreveu enquanto acreditou que o amor lhe iria dar alegrias mas o seu medo de enganar alguém não apaixonado “escureceu-[lhe] o engenho” de escrever.
No poema é também feito um apelo a todos que lêem aquele poema dizendo-lhes “segundo o amor tiverdes/ tereis o entendimento de meus versos” o que indica que os leitores entenderão os seus versos caso estivessem apaixonados.
Análise do texto:
1- Numa reflexão sobre a sua obra lírica, o poeta faz suceder dois momentos, marcados pelos conectores “enquanto” e “porém.
1.1 – Como caracteriza o primeiro desses momentos?
O autor referiu no primeiro momento que enquanto a fortuna lhe desse esperanças de alegria originada pelo amor, podia escrever sobre os efeitos dos sentimentos amorosos. Trata-se, por isso, de um momento de esperança e simultaneamente de criatividade impulsionada pela