Analise poe
Os desdobramentos da ficção
Prof. Rosa Maria dos Santos KAPILA
Licenciatura plena em Português-Literaturas pela UFRJ. É autora de 13 livros de ficção, dentre eles o Felizes são os gatos, premiado pela UNESCO-MEC-FAE em 1996. Prêmio Governador de Goiás pelo livro O agito dos amores, em 2000. Mestrado pela UNESP. No momento finaliza seu doutorado com uma tese sobre os contos de Mário de Andrade. É professora de Português, Semiótica, Metodologia e Literatura na UNORP. RESUMO: O conto policial em Rubem Fonseca e Edgar Allan Poe. A tradição da ficção policial, elementos góticos e o suspense em assassinatos perfeitos. O crime como bela arte nos contos “O Barril do Amontilhado” e em “O Buraco na parede”.
PALAVRAS-CHAVE: Conto, a tradição da literatura policial, Edgar Allan Poe, Rubem Fonseca, assassinato como bela arte
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KAPILA, Rosa Maria dos Santos. Os desdobramentos da ficção. Revista UNORP, v1(1):107-127, dezembro 2002.
MEDO E SUSPENSE
Lovecraft diz que a emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Na tradição literária, o suspense e o medo sempre caminharam juntos e a literatura policial tem sua origem nas mais antigas narrações fantásticas e de horror. Em sua evolução, o conto de horror e medo sobreviveu e vem sendo aprimorado. O horror, a maldade, vingança e ameaças funestas são possibilidades bem trabalhadas na ficção de Rubem Fonseca. Para ilustrar a tradição seguida pelo escritor mineiro, recorro aos conceitos de Lovecraft:
Pensando bem, é na verdade notável que a narrativa fantástica como forma literária definida e academicamente reconhecida tenha tardado tanto em acabar de nascer. O impulso e a atmosfera são tão antigos quanto o homem, mas o típico conto de horror da literatura corrente é filho do século dezoito (Lovecraft, 1987:12).
A tradição vem mostrar, ainda, de acordo com Lovecraft, que a linhagem dos autênticos artistas do horror cósmico