Análise O Gato Preto, de Edgar Allan Poe
Aryanna dos Santos Oliveira – NUSP 8569506
Introdução aos Estudos Literários II – Professor Marcus Mazzari
Relatório Contos – O Gato Preto, Edgar Allan Poe
Em O Gato Preto, de Edgar Allan Poe, apresenta-se uma narrativa enunciativa, toda narrada em primeira pessoa. O narrador é o personagem principal da obra e ele narra cada detalhe de sua relação com o gato preto que a princípio era o animal de estimação da casa em que vivia com sua mulher, depois passou a ser um mau agouro e, por fim, tornou-se a lembrança de sua fraqueza e crueldade. Ele não é uma testemunha que narra os fatos com distanciamento, é antes o detentor das informações, é quem sustenta o enredo, já que faz do foco narrativo um instrumento a ser usado a seu favor.
A narrativa é tão pessoal e tão intrínseca às entranhas do pensamento do personagem que em determinado momento da obra pode-se questionar se o fato realmente ocorreu ou se é apenas uma ilusão de uma mente perturbada. “Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito”.
Poe cria no conto uma atmosfera que se coloca entre o real e a fantasia, aquilo que em literatura convencionou-se chamar de fantástico, que na obra é marcado na elaboração deste narrador personagem que vive à sombra do receio do sobrenatural. O narrador se coloca, aliás, como vítima desse sobrenatural. “Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi, e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida.