Analise - ode ao cinquentenário poeta brasileiro
“Ode ao cinquentenário poeta brasileiro”
Esse poema trata da temática amizade, mas uma amizade estabelecida no plano poético, como se os amigos fossem ligados pelo eu-lírico.
O poema são as apalavras de Carlos Drummond a Manuel Bandeira que em 1936 completava 50 anos de vida.
No verso: “Esse incessante morrer que nos teus versos encontro é a tua vida, poeta, e por ele te comunicas com o mundo que te esvais.” Drummond faz analogia ao tema de morte encontrado nos poemas de Manuel Bandeira, e nos desejos insatisfeitos que nos poemas do mesmo se encontram.
Ode ao cinquentenário poeta brasileiro
Esse incessante morrer que nos teus versos encontro é tua vida, poeta, e por êle te comunicas com o mundo em que te esvais. debruço-me em teus poemas e neles percebo as ilhas em que nem tu nem nós habitamos
(ou jamais habitaremos!) e nessas ilhas me banho num sol que não é dos trópicos, numa água que não é das fontes mas que ambos refletem a imagem de um mundo amoroso e patético. tua violenta ternura, tua infinita polícia, tua trágica existência no entanto sem nenhum sulco exterior — salvo tuas rugas, tua gravidade simples, a acidez e o carinho simples que desborda em teus retratos, que capturo em teus poemas, são razoes por que te amamos e por que nos fazes sofrer...
certamente não sabias que nos fazes sofrer.
É difícil de explicar esse sofrimento seco, sem qualquer lágrima de amor, sentimento de homens juntos, que se comunicam sem gesto e sem palavras se invadem, se aproximam, se compreendem e se calam sem orgulho. não é o canto da andorinha, debruçada nos telhados
[da lapa, anunciando que tua vida passou à toa, à toa. não é o médico mandando exclusivamente tocar um
[tango argentino, diante da escavação no pulmão esquerdo e do pulmão
[direito infiltrado. não são os carvoeirinhos raquíticos voltando
[encarapitados nos burros velhos não são os mortos do recife dormindo profundamente
[na noite. nem é tua