Tropicalia
O "SENTIMENTO DO MUNDO"
DE CARLOS DRUMMOND E ANDRADE (1902-1987)
João Ferreira
25 de junho de 2005
“Alguns anos vivi em Itabira, principalmente nasci em Itabira.Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro” (Confidência do itabirano, Sentimento do mundo, 19)
-Provisoriamente não cantaremos o amor que se refugiou mais abaixo dos subterrâneo. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas (...)
- “Trabalhas sem alegria para um mundo caduco...onde as formas e a ações não encerram nenhum exemplo. (Elegia 1938)...Caminhas entre mortos e com eles conversas sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito. A literatura estragou tuas melhores horas de amor... Elegia 1938
-“Não. Meu coração não é maior que o mundo.É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores” (Mundo grande, 75)
Se pensarmos em seus aspectos globais, o Sentimento do Mundo de Carlos Drummond de Andrade é não apenas um livro interessante mas um livro superimportante. É claro que nem todos os poemas são extraordinários. Mas todo têm aspectos bons. Há poemas simples, ocasionais, sem maior importância. Mas há aqueles poemas em que o poeta mergulha no mundo, entra de cabeça e vasculha as profundidades. Com sua sensibilidade, emoção e inteligência ele sempre capta aspectos e relevância para se comunicar com o leitor. Mais relevantes quando a linguagem vem em forma poética. Drummond era um jovem quando escreveu e publicou este livro . Tinha 33 anos quando começou a escrever e 38 quando o publicou. O mundo estava em guerra havia um ano. Em “Mãos dadas” nos assegura que a matéria do livro será o tempo presente.”Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo