Analise do Poema Ismália
Departamento de Ciências Humanas – CAMPUS IV
Curso: Letras Vernáculas
Período Acadêmico: I Semestre
Componente Curricular: Estudos Teóricos do Texto Literário
Prof. Dr. Paulo César Garcia
Discentes: Jamille Araújo e Sara Correia
Análise do poema Ismália, de Alphonsus de Guimaraens (In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. p.467.) e do conto Obscenidades para uma dona-de-casa, de Ignácio de Loyola Brandão (In: Os Cem Melhores Contos Brasileiro do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p.471-477.)
O poema Ismália pode significar a própria figura do poeta: sonhador, imaginativo, inofensivo aos outros, ainda que às vezes não a si mesmo, visto que Ismália caiu no mar. A comparação da personagem com um anjo: “E como um anjo pendeu”, fortalece mais ainda a idéia da não-agressividade e até mesmo da beleza. Na tradição poética, a figura do anjo comparada à mulher, sugere perfeição física, moral, inocência e pureza. O tom suavemente trágico, melancólico do poema, também se traduz na revelação de que Ismália, “anjo”, se suicida, ou melhor, tira a própria vida sem perceber. Observa-se que não há pontos de exclamação em todo o poema, com isso, repisa-se a melancolia trágica, a beleza triste dos versos através da pontuação, onde se ver a todo momento o uso das reticências, sugerindo a interrupção do pensamento, hesitação, dubiedade.
A loucura da figura feminina é tratada poeticamente, a morte nem parece real, acontece como em sonho e a linguagem transmite a mesma tristeza vaga e persistente. Não há violência explícita ou desespero, mas uma tristeza suave, como se o próprio destino (loucura e morte) invocasse uma espécie de delicadeza, com a qual é tratada a figura feminina por grande parte da tradição poética. Metaforicamente, o poema pode expressar entre o divino (céu) e o humano (mar); a vida espiritual e a vida carnal; a vida extraordinária ou poética e a vida habitual. Sendo assim, o desejo da vida “maior” (a