egunda estrofe, a loucura ("sonho") leva-a a debruçar-se mais para fora da janela("Banhou-se toda em luar") e ter desejos conflitantes - a lua do céu e a lua do mar, comose estivesse entre duas escolhas. Na 3ª estrofe, já delirando ("no desvario seu") elacomeça a cantar; na 4ª, é sugerido que Ismália estendeu os braços para 'voar' ("... comoum anjo pendeu/ As asas..."); na 5ª e última estrofe, a imagem torna-se ambígua: as"asas" dadas por Deus são seus braços, ou se referem à alma que voou para o céu?A "loucura" de Ismália é também comparada a um sonho: "No sonho em que seperdeu". A 'loucura' é assim vista de forma poética, não agressiva, e nemnecessariamente negativa: aproximando "loucura" e "sonho", o poeta pode estarsugerindo que a loucura é um estado fora do ordinário, do comum da vida, como é oestado do sonho. Sonhamos dormindo, ou mesmo acordados, quando imaginamosalguma coisa ou situação.Considerando que estas análises apenas sugerem possibilidades entre tantas leituras quese façam deste primoroso poema, a questão da intertextualidade entre este e outrostextos também pode ser amplamente explorada, e então se tem início ao fantástico einfindável horizonte que se abre no universo literário e que nos permite imaginar, porexemplo, a inadjetivável aproximação da grandiosidade da criação de Alphonsus deGuimaraens com a fascinante obra do genial Fernando Pessoa.O mar, com que Guimaraens encerra cada estrofe de seu poema, pode ser comparado com o mar dos versos de “Mar Português, com que Fernando Pessoa engrandeceu oegunda estrofe, a loucura ("sonho") leva-a a debruçar-se mais para fora da janela("Banhou-se toda em luar") e ter desejos conflitantes - a lua do céu e a lua do mar, comose estivesse entre duas escolhas. Na 3ª estrofe, já delirando ("no desvario seu") elacomeça a cantar; na 4ª, é sugerido que Ismália estendeu os braços para 'voar' ("... comoum anjo pendeu/ As asas..."); na 5ª e última estrofe, a imagem torna-se ambígua: as"asas" dadas por Deus são seus