Analise do filme " o mercador de veneza "
“Acompanhai-me ao notário e assinai-me o documento da dívida, no qual, por brincadeira, declarado ser que se no dia tal ou tal, em lugar também sabido, a quantia ou quantias não pagardes, concordai em ceder, por equidade, uma libra de vossa bela carne, que do corpo há de ser cortada onde bem me aprouver” Esta é a síntese do contrato firmado entre o judeu Shyloc e Antonio, fiador de seu amigo Bassanio, este apaixonado por Pórcia, que para cortejá-la, pede a Antonio a quantia de três mil ducados. A garantia do empréstimo é uma libra da carne de Antonio a Shyloc caso não consiga devolver a quantia em um prazo de três meses.
O filme, O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, se desenrola no ano de 1596, quase fim da Idade Média. Veneza era uma das grande potências marítimas mundiais, cidade cosmopolita da época, pólo de imigração de turcos, gregos, alemães e até judeus. Sobre a ótica da História do Direito e das Ciências Sociais, era a época do Mercantilismo; do acúmulo de metais preciosos e da intervenção estatal. Reina o Absolutismo; aliança entre o rei e a burguesia comerciante da época. União esta que se consolida à medida que o poder da Igreja Católica decai pois já não supre o ideário do Rei e o avanço do comércio da época. Verifica-se um aprimoramento do estudo do Direito, para legitimar o novo poder do Rei.
É nesse cenário veneziano, início da Idade Moderna, onde a presença do mercantilismo se faz observada, que o autor nos conta como os judeus eram tidos como usurários, não tinham o direito legal de serem proprietários e emprestavam dinheiro a juros para sobreviver.
O enredo do filme aborda duas óticas: de um lado o penhor de uma libra de carne, um contrato típico da área civil, sua implicações e desdobramentos legais, e de outro, o aspecto romântico motivado pelo empréstimo, sob a fiança de Antonio. A promessa de devolução da quantia não se cumpre, findo o prazo de três meses,