analise do eu
Até recentemente, quase todos os estudos sobre ocitocina se limitavam ao seu papel durante a fase de lactação, mostrando como ele é responsável pelo que normalmente vemos como o amor genuíno entre mães e filhos. O trabalho de parto e o toque do filhote nas glândulas mamárias da mãe estimulam a produção do hormônio no cérebro em vários mamíferos, inclusive em humanos. E, pelo jeito, é isso que faz com que as progenitoras se sintam conectadas a suas crias – o que é imprescindível para a sobrevivência delas. Em outras palavras, aquilo que chamamos de instinto maternal, que leva uma fêmea a proteger seus filhotes ainda que isso lhe custe a vida, é conseqüência desse detalhe químico.
O que pesquisas como as que envolvem Martin e Robin estão mostrando é que não é só a conexão entre mães e filhos que é facilitada pela liberação de ocitocina. Cientistas acreditam que o hormônio seja responsável por quase toda ligação social e formação de laços entre mamíferos. E não há razão para duvidar de que isso inclua o amor entre nós, humanos. “Tanto o amor quanto as ligações sociais servem para facilitar a reprodução, nos dar um senso de segurança e reduzir a ansiedade e o estresse”, diz a neuroendocrinologista Sue Carter, dona de Robin e Martin. Isso quer dizer que, por menos romântico que possa parecer, o amor é um artifício da natureza para manter a espécie humana procriando.
Sue e seus colegas desvendaram nos últimos anos parte do mecanismo de funcionamento desse hormônio. Pelas suas pesquisas, a ocitocina não é liberada apenas durante o parto e a amamentação. Outras ocasiões induzem sua produção: calor, toque, carinho, cheiros agradáveis e... o orgasmo. Em outras palavras: pelo menos nos roedores, comportamentos típicos de casais enamorados – carícias e sexo – provocam a criação de laços muito semelhantes àqueles entre mães e filhos. É algo de que o senso comum já desconfiava muito antes de haver qualquer pesquisa sobre o assunto. Tanto que esses dois tipos