Analise de música

A canção “Construção” foi escrita em 1971. Pode-se conferir a ela os gêneros “samba”, “bossa nova” e “MPB”, um samba lento, com uma batida de bossa nova, enfim, MPB.
Esta música é ponderada pela Literatura Brasileira uma obra-prima, tanto que já foi assunto de alguns vestibulares. Tem uma estética extraordinária, a começar pelo último vocábulo de cada verso ser um proparoxítono. É formada por três estrofes com versos livres, por não terem uma simetria métrica. O compasso é quantitativo, pois a proparoxítona no final do verso transforma o ritmo da música bem marcado e cíclico. Quanto à rima, tem somente recursos sonoros, boa parte da canção é composta por paralelismo, que é a multiplicação da estrutura sintática armada nos versos.
Sentou prá descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
A letra tem um caráter comparativo, composto, sobretudo por uma comparação metafórica, que incide em comparar duas noções de universos diferentes. Por exemplo, “Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe”.
A canção faz analogia à triste vida de muitos brasileiros, a qual depara-se com um cotidiano tão chato e frágil, que nem dá expectativas a estes indivíduos.
Já nos versos iniciais da primeira estrofe, percebe-se que o personagem da música é um homem simples e pai de família. O “andar tímido”, confirma que o indivíduo é de classe social baixa. Sua profissão é comprovada desde o título. Sabe-se que ele é um construtor, um operário que “trabalha com uma máquina”, sugerindo que é um homem dependente do seu trabalho, uma tarefa repetitiva e cansativa. A canção foi composta em pleno Regime Militar, por esse pretexto as condições de trabalho do sujeito podem ter semelhança com a subordinação compelida vivida na época.
O indivíduo só se sente descansado quando está com os filhos e a esposa e quando interrompe o trabalho para almoçar e descansar.
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