Análise "o dia em que nasci moura e pereça" de camões
O dia em que nasci moura e pereça, A
Não o queira jamais o tempo dar; B
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar, B
Eclipse nesse passo o Sol padeça. A
A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça, A
Mostre o Mundo sinais de se acabar, B
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar, B
A mãe ao próprio filho não conheça. A
As pessoas pasmadas, de ignorantes, C
As lágrimas no rosto, a cor perdida, D
Cuidem que o mundo já se destruiu. E
Ó gente temerosa, não te espantes, C
Que este dia deitou ao Mundo a vida D
Mais desgraçada que jamais se viu! E
Luís de Camões
Análise geral
O poeta Luís de Camões mostra no poema a visão de uma pessoa que se denigre, para ela, o dia em que nasceu foi um dia amaldiçoado e triste para o mundo. Os versos demonstram a ira do eu-lírico por ter vindo ao mundo e chega a extremos irreais para mostrar a gravidade do "erro" cometido ao nascer. Ela alerta à sociedade que não é necessário o espanto apesar de sua desgraça (quarta estrofe). O autor faz uso de hipérboles como "Mais desgraçada que jamais se viu".
O poema acima é um soneto, devido a sua estrutura de quatro estrofes (dois quartetos e dois tercetos) e seu esquema rítmico é definido por ABBA-ABBA-CDE-CDE. Além disso, como possui dez sílabas poéticas por verso, é um poema decassílabo
Blocos
Primeiro quarteto: o eu-lírico começa a falar sobre o dia de seu nascimento e o erro que aquilo era.
Segundo quarteto: hipérboles são usadas para justificar que uma mãe não tivesse tamanho desprazer.
Primeiro terceto: é passado pelo eu-lírico um sentimento de aceitação da sociedade à desgraça já ocorrida.
Segundo terceto: é passado o aviso de que apesar de ter recebido uma vida tão desgraçada, o mundo não precisava se espantar