Além do Cidadão Kane
“O proprietário de uma estação de rádio ou TV necessitava, naquela época, de uma concessão do governo federal – mais especificamente, do presidente da república. Dessa forma, o presidente concedeu esses canais aos seus amigos, seus apoiadores, representantes de seus grupos políticos, sem o uso de qualquer tipo de critério (social, educacional, etc) o critério foi somente político.”
E se fosse o presidente, você daria essa concessão a algum inimigo? Eu, jamais!
A resistência à ditadura militar chegou às ruas em 1968. Cerca de 100 mil pessoas, sua maioria estudantes, fizeram manifestações no Rio. Provocado por essa oposição, o regime militar assumiu total controle ditatorial no final de 1968. Com o infame Ai-5: o congresso foi fechado e a tortura virou uma rotina. Foi estabelecida a censura previa dos meios de comunicação em massa. Parte da esquerda optou pela luta armada. Seu maior sucesso foi o sequestro do embaixador americano, forçando o governo a libertar alguns presos políticos. Sequestros, bombardeios e assaltos, tanto da esquerda, quanto da direita não eram normalmente relatados – jamais se falava em tortura. A segurança interna era a maior preocupação dos militares. “Esquadrões da morte” de direita eram ativos.
A televisão no começo não servia para entreter, mas para unificar o país. Faltava a vida política do Brasil. Não tinha a voz dos sindicatos, das diferentes forças em conflito, conflitos normais do dia a dia.
A censura cortava não apenas trechos de programas, notícias que não eram vinculadas, mas criou uma tendência de nós não termos a história desse período sendo registrada.
A Excelsior havia sido a única empresa de televisão a se opor ao golpe militar de 64 e os militares não se esqueceram disso. Em 1970, o governo cancelou sua concessão.
No início de 70, sob o governo do general Médici, lançou uma campanha maciça com o slogan: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. 30% da publicidade naquele período era bancada pelo governo. A