almeida garret
"Vivemos num século democrático. Tudo o que se fizer há-de ser com o povo e pelo povo ou não se faz"
A frase, da autoria do próprio Garrett, consta na peça Frei Luís de Sousa e descreve bem o pensamento político-ideológico do autor.
Como liberais e românticos Almeida Garrett também procurou no Povo as raízes da identidade nacional e a sua obra espelha o compromisso que assumiu com os valores, as tradições e a História do país.
O gosto do escritor pelo popular evidenciou-se, sobretudo na recolha que fez dos contos e tradições populares, reunidos em poesia no Romanceiro. Um trabalho muito próximo da etnografia e de que Garrett foi pioneiro em Portugal.
No entanto, o Povo de Garrett, como faz questão de evidenciar, "é um povo idealizado, inspirado nos valores do romantismo, que não são genuinamente os valores do povo real, ignorante e faminto".
Todavia Garrett foi, sobretudo, um ideólogo da burguesia liberal e os livros que escreveu demonstram o seu empenho na reforma político-social e cultural da sociedade portuguesa.
Vida e obra joão Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu com o nome de João Leitão da Silva no Porto a 4 de fevereiro de 1799, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta de Almeida Leitão. Passou a sua infância, altura em que alterou o seu nome para João Baptista da Silva Leitão. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Lisboa, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral. É também neste ano que ele e sua família passam a usar o apelido de