Alimentos transgênicos
Regina Helena Porto Francisco
Professora Dra. do IQSC-USP - Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo
A sucessão presidencial no Brasil trouxe à tona uma questão importante que precisa ser debatida e compreendida para que se possa tomar a melhor decisão. Trata-se dos alimentos transgênicos, que são obtidos de organismos (plantas e animais) geneticamente modificados, obtidos por transferência do gene de uma espécie para outra ou de uma variedade para outra (da mesma espécie).
Nos Estados Unidos e na vizinha Argentina há o cultivo de plantas geneticamente modificadas, que viabilizam a produção mais barata, menos poluente e mais abundante de alimentos. A legislação brasileira entretanto proíbe o cultivo destes vegetais, exceto de modo absolutamente controlado, com o objetivo de pesquisa.
Recentemente foi identificado um movimento originado fora do Brasil que propõe o cultivo destes vegetais geneticamente modificados como parte do esforço de combate à fome. Aparentemente, entre os propositores estão multinacionais com interesse econômico no assunto.
Seres geneticamente modificados causam enorme repulsa em pessoas muito bem-intencionadas, participantes de movimentos preocupados com o bem-estar social e com o ambiente. Entretanto os mesmos seres são muito bem aceitos entre geneticistas e pesquisadores muito sérios e competentes, que atuam em instituições públicas e sem qualquer interesse financeiro.
Alguns desses cientistas vêem nos alimentos transgênicos a possibilidade de uma revolução na produção de alimentos, equivalente à "Revolução Verde" que ocorreu no século passado com o início do uso de fertilizantes químicos, que viabilizou um aumento enorme na produção de comida. A produção de transgênicos é vista, assim, como uma nova tecnologia que permite evitar ou reduzir uma porção de etapas custosas, difíceis e demoradas.
O melhoramento genético tradicional começou a ser feito há 10 mil