Alienação e trabalho
Podemos dizer que o ser humano se faz pelo trabalho, porque ao mesmo tempo que produz coisas, torna-se humano, constrói a própria subjetividade. Desenvolve a imaginação, aprende a se relacionar com os demais, a enfrentar conflitos, a exigir de si mesmo a superação de dificuldades. Enfim, com o trabalho ninguém permanece o mesmo, porque ele modifica e enriquece a percepção do mundo e de si próprio (ARANHA; MARTINS, 2009, p. 67).
Podemos pensar o trabalho como categoria ontológica do ser social por ser fundamental na construção do ser em suas mediações com o mundo e em sociedade: transformamos o mundo, as relações e a nós mesmos a partir do trabalho. A criatividade é uma das características do trabalho, no entanto, alguns processos podem bloqueá-la ou torná-la uma exigência que muitas vezes vem acompanhada de ansiedade, culpa e sofrimento.
A relação sujeito-trabalho se transforma ao longo da história. Cada transformação da estrutura produtiva vem acompanhada de uma “ética” do novo trabalhador, no sentido de requerer um tipo específico de trabalhador necessário à sua reprodução e manutenção.
No final do século XIX e início do século XX, período identificado como Segunda Revolução Industrial surgem importantes modificações na relação sujeito-trabalho. É o início da era do taylorismo e fordismo, buscando a criação de um novo tipo de trabalhador, mais produtivo e disciplinado. A chamada organização científica do trabalho dissociou a produção de trabalho das qualificações dos trabalhadores, separou a dimensão inteligente da execução do ato de trabalho e o monopólio do conhecimento foi assumido pela gerência. Buscava-se a moralização dos trabalhadores antes vistos como selvagens, ignorantes, feios e grevistas, trazendo um trabalhador dócil, submisso e economicamente produtivo.
Porém, nos anos 70, a rigidez do regime taylorista-fordista vai se abalando, dando lugar a uma maior flexibilidade