Alfabetização

1. INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA

No final da década de 80, a Unesco decretou 1990 como o Ano Internacional da Alfabetização e da educação básica. Várias reuniões preparatórias foram realizadas, dentre elas, a Consulta Técnica Preparatória em Havana (Cuba), da qual Emília Ferreiro participou defendendo a idéia da necessidade de encontrar parâmetros de qualidade da alfabetização e análise dos mecanismos internos da escola que contribuem para o fracasso dos setores sociais que necessitam do sucesso da alfabetização. No entanto, é difícil falar de alfabetização sem frisar as contradições que existem nesse campo. O discurso oficial que centra-se nas estatísticas é o discurso da denúncia que desvenda a face oculta da alfabetização. Enquanto o discurso oficial fala da quantidade de escolas inauguradas, o discurso da denúncia salienta a má qualidade desses locais que carecem do indispensável para realizações educativas. O discurso oficial fala da quantidade de crianças matriculadas, a denúncia alega as classes superlotadas, professores mal remunerados, carga horária tenra. O discurso oficial fala da necessidade de eliminar o analfabetismo, a denúncia contradiz que o que pretendem realmente é uma posição melhor nas reuniões internacionais relatando estatísticas, mas sem atacar que promovem a produção de analfabetos... Por isso, do ponto de vista da cultura pedagógica escolar, surge a necessidade de se fazer escolhas, num processo onde se pode negar e/ou aceitar certos pressupostos e metodologias empregadas no sistema educacional vigente.
Muitos equívocos e mitos vão se construindo em torno desse debate e algumas análises da prática pedagógica nas primeiras aprendizagens apontam que houve preocupação, por parte da escola, em letrar, deixando de lado o alfabetizar. Trata-se, no entanto, de uma concepção equivocada, pois letramento não é apenas conhecimento, é, acima de tudo, envolvimento, prática, atividade. Por isso, é preciso que o sistema educacional, como um