Aldo Rossi
Aldo Rossi: o projeto arquitetônico como reflexo da tensão entre permanência e transformação A “Escola de Veneza” e a arquitetura analógica
“(...) qualquer cultura de projeto vive de uma intensa dialética entre continuidade e descontinuidade, entre permanência e mutações, entre recorrências e casualidades. Por um lado não pode existir um autêntico avanço de uma pesquisa se esta não goza de uma relativa estabilidade no tempo confirmando os paradigmas, os temas e os instrumentos disciplinares de que se alimenta; por outro, se não interviessem ciclicamente improvisas reviravoltas ou adaptações talvez traumáticas dos quadros teóricos e operativos consolidados, a própria pesquisa arriscaria repetir-se em fórmulas já experimentadas, caindo em uma imobilidade perigosa.”
1
Nos anos 1970, a arquitetura italiana ocupa uma posição significativa no panorama internacional por conta da ação de arquitetos que convertem em invenção e novidade conteúdos de caráter fortemente identitário, ancorados no estudo das tipologias da cidade tradicional.
Aldo Rossi (1931-1997) é um desses arquitetos que, junto com Carlo
Aymonino, Giancarlo De Carlo, Vittorio Gregotti e Giorgio Grassi, formam o grupo La Tendenza, também conhecido como Escola de
Veneza. A partir da herança deixada por Ernest Nathan Rogers
(1909-1969), importante ponto de referência da cultura arquitetônica italiana dos anos 1950-60, reintroduzem conceitos como „tradição‟,
„história‟ e „monumento‟, termos praticamente banidos da linguagem moderna teorizada e experimentada na primeira metade do século
XX.
Entre outras correntes neoracionalistas, esse grupo revê os temas da modernidade, procurando constituir uma relação teórica e operativa
1
Em PURINI, F. Permanenze e mutamenti nell‟architettura italiana. Roma: Palombi,
2004, p. 5. (Tradução da autora).
165
entre a análise urbana e o projeto de arquitetura. Uma pesquisa que se desdobra em três enfoques principais: a conexão