agnes heller
O conformismo, na sociologia de Agnes Heller, tem sua raiz na conformidade necessária à vida social, isto é, na assimilação das normas do grupo ou classe a que se pertence. A conformidade converte-se em conformismo quando as motivações da conformidade na vida cotidiana penetram as formas não-cotidianas de atividade, sobretudo as decisões morais e políticas, fazendo com que estas percam seu caráter de decisões individuais (Heller, 1972, p. 46)
Refletindo sobre as questões propostas e a teoria de vida cotidiana de Heller, mais precisamente no trecho destacado acima, sobre o conformismo, percebemos que a liberdade, no sentido mais puro e abrangente do termo, está conectada à nossa vida não-cotidiana, uma vez que, no meu entendimento, ela está intrinsecamente ligada a uma certa racionalidade, um certo “pensar”, que nos faz despertar de nossa vida cotidiana, que nos aprisiona e nos faz viver de forma automática e alienada, para podermos questionar se somos livres, e além disso, o que é liberdade e como podemos nos libertar, caso seja de nosso interesse.
A vida cotidiana pode nos alienar e inibir nossa capacidade de raciocinar e distinguir o certo do errado, além de restringir nossa liberdade. São inúmeros os exemplos históricos que podemos destacar, principalmente sob a ótica dos pontos em que Heller enfatiza, as decisões morais e políticas, como o nazismo na Alemanha; o regime liderado por Mao Tse Tung na China no período conhecido como Revolução Cultural Proletária; as ditaduras recém destituídas na Primavera Árabe... Mas será que só os líderes carismáticos como Hitler e Mao que possuem o poder de nos aprisionar na vida cotidiana, de forma tão nociva que nos torne zumbis, vivendo sem questionar, sem refletir, as decisões que estamos tomando, que estamos vivendo?
Penso que as alienações podem ser as mais diversas possíveis, e vão desde a menina que deixa de comer e fazer as suas tarefas escolares