ETNICIDADE E ENSINO DE HISTÓRIA: A MATRIZ CUTURAL AFRICANA ELIO CHAVES FLORES No campo da História, não seri muito difícil sustentar a tese de que, executando-se os estudos sobre o tráfico e a escravidão, a África e o africanismo foram muito pouco considerados por nossa tradição historiográfica. Quando nõ há informção adequada e pesquisa suficiente, o passado escravocrata insiste em não arredar pé da ambiência escolar, e o que se observa é um continente desconhecido ou, tornando emprestado a metáfora de Zé Ramalho, a mancha de um asteróide pequeno Hélio Santos analisa o círculo vicioso destas representações escolares. Apesar de a cultura negra ser a energia que dá ritmo à vida nacional, considerando ainda a dívida imensa do Brasil para com a África, não se observa uma equivalência desses pesos na vida e na política. Não é um exagero considerar um escândalo a ignorância em relaçõ à África. [ Ainda, segundo o autor,] (...) a grande maioria dos brasileiros considera o continente africano como um bloco homogêneo: tudo igual e todos negros. Quando muito, separam a África do Norte, que é árabe, daquela situada abaixo do deserto do Saara, também chamada África Negra. A lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos ou ensino fundamental e médio. Parte-se do pressuposto de que os cursos de graduação em História teriam a obrigação de ofertar disciplinas, tópicos especiais e seminários referentes à História da África e do africanismo para o espírito da lei se torne uma prática curricular. Pode-se definir este antropologismo tardio como a persistência de um processo de mestiçagem natural, democracia racial, sociabilidades lúdicas, em que o mundo afro-brasileiro não escaparia do samba, do futebol e da malandragem. Este mundo, ainda crivado de exotismo e superstição, seria um fomentador de rituais e crençs ilógicas que arrastariam a matriz-africana para longe de qualquer