Advogada
Num primeiro momento, fez-se silêncio dentro da aeronave. Segundos depois, os sobreviventes, na maioria apenas com ferimentos leves, começaram a chorar e gritar. Havia sangue e corpos mutilados. Uma hora depois, a noite caiu. Naquele ponto, a 4 mil m de altitude, a temperatura chegava a -30 ºC. Encolhidos, os jovens se abraçaram dentro do casco.
O avião estava na região de Los Maitenes, do lado argentino dos Andes - os sobreviventes, tal como a equipe de resgate, acreditavam que o acidente havia acontecido do lado chileno. Antes da queda, os pilotos haviam informado a torre de comando que estavam sobre da localidade de Curico, um dado errado (o avião caiu a 90 km do local informado à torre de controle, em Santiago do Chile).
Nenhum militar estava vivo. Os sobreviventes eram jovens, na casa dos 22 anos, filhos da classe média alta uruguaia. Enquanto as buscas começavam no lugar errado, os menos feridos faziam um levantamento da situação. Um atleta que estudava medicina, Gustavo Zerbino, 19 anos, providenciou talas, enquanto outros separavam mantimentos. Era a época do governo de Salvador Allende no Chile e as notícias de racionamento de comida no país fizeram com que os jovens levassem um grande estoque, principalmente de chocolates e vinho. Apesar do esforço de Zerbino, 72 horas depois da queda,