Advocacia

467 palavras 2 páginas
História da advocacia no Brasil *
Sérgio Sérvulo da Cunha
1. O maior achado do sociólogo francês Jacques Lambert, ao escrever um livro sobre o Brasil, está no seu título: “Os dois Brasis”. A distinção que ele aí sublinha, entre dois países contidos num só (um país rural, inculto, de um lado; um país urbano e civilizado de outro), aparentemente reproduz a mesma que se tem em mente ao dizer que o Brasil é uma Belíndia (Bélgica + Índia), com a qual já se assinala a riqueza (capitalismo, industrialização) de um lado e a miséria (analfabetismo, carência de serviços públicos, exclusão) de outro.
Entretanto, às principais ou mais populosas cidades brasileiras hoje – entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba – onde vivem milhões de pessoas, dificilmente se aplicariam as categorias descritivas das cidades européias implicadas no termo “burguesia”, assim como dificilmente se aplicam as categorias marxistas, quando a partir da revolução industrial enxergam no proletariado urbano um exército industrial de reserva.
A dicotomia mais compreensiva dessa realidade, aquela que a atravessa desde suas origens até hoje, encontra-se a meu ver na distinção entre duas perspectivas: de um lado aquilo que eu chamo a perspectiva do poder, e, de outro, aquilo que eu chamo a perspectiva do vivente.
A respeito da perspectiva do poder – a perspectiva, por exemplo, de Martim Afonso de Souza – a par dos registros sobre a psicologia dos primeiros colonizadores que ao Brasil chegavam à esperança de um dia retornarem ricos a Portugal, são raras as observações constantes dos estudos brasileiros de antropologia. O poder é a língua culta, o diploma universitário, a herança greco-romana, o Estado, o cheque especial; o poder, em resumo, é apolíneo.
Todavia, a consciência oficial ignora-se a si mesma na medida em que, tomando- se pela totalidade, não reconhece a existência de uma perspectiva do vivente. Isto significa não que o saber

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