Adamastor
Tanto Vasco da Gama como o Adamastor aparecem como narradores e como personagens. No plano histórico, o Adamastor simboliza a superação pelos portugueses do medo do “Mar Tenebroso”, das superstições medievais que povoavam o Atlântico e o Índico de monstros e abismos. O Adamastor é uma visão, um espectro, uma alucinação que existe só nas crendices dos portugueses. É contra os seus próprios medos que os navegadores triunfam. No plano lírico é um dos pontos altos do poema, retomando dois temas constantes da lírica camoniana: o do amor impossível e o do amante rejeitado. O Adamastor, um dos gigantes filhos da Terra, apaixonou-se pela nereida Tétis. Não correspondido, tenta tomá-la à força, provocando a cólera de Júpiter, que o transforma no Cabo das Tormentas, personificado numa figura monstruosa, lançada nos confins do Atlântico. Este episódio é importante, pois nele se concentram as grandes linhas da epopeia: 1. O real maravilhoso (dificuldade na passagem do Cabo da Tormentas). 2. A existência de profecias (História de Portugal). 3. Lirismo (história de amor, que irá ligar-se mais tarde, à narração maravilhoso da Ilha dos Amores); 4. É também um episódio trágico, de amor e morte; 5. É um episódio épico, em que se consolida a vitória do homem sobre os elementos (água, fogo, terra, ar);
PARÁFRASE 37 - A viagem da armada é rápida e próspera até uma nuvem que escurece os ares surgir sobre as cabeças dos navegantes.
Porém já cinco sóis eram passados Que dali nos partíramos, cortando Os mares nunca doutrem navegados, Prosperamente os ventos assoprando, Quando uma noite, estando descuidados Na cortadora proa vigiando, Uma nuvem, que os ares escurece, Sobre nossas cabeças aparece.
38 - A nuvem escura que surgiu vinha tão carregada que encheu de medo os navegantes. O mar, ao longe, fazia grande ruído ao bater contra os rochedos. Vasco da Gama, atemorizado, lança voz à tempestade perguntando o