Adamastor
Os Lusíadas : Episódio do Gigante Adamastor (Canto V)
Plano da viagem:
Depois de narrada a Despedida em Belém (final do canto IV), Vasco da Gama continua a contar a viagem da Armada até Melinde. Conta ao rei de Melinde a sua viagem até ao Zaire, os fenómenos naturais observados e ainda o incidente entre Fernão Veloso e os nativos. Segue-se a narrativa do episódio do Gigante Adamastor.
Estrofes 37 e 38: Situação inicial/ formação da tempestade
Cinco dias após a partida da Baía de Santa Helena, a armada portuguesa viaja por mares nunca antes navegados, por isso desconhecidos. Durante certa noite, os portugueses são surpreendidos por uma tempestade. A descrição sugere uma gradação crescente: primeiro surge uma nuvem que escurece, tornando-se espessa e tenebrosa, para, logo em seguida, a ondulação do mar se tornar forte e ameaçadora. Para recriar o ambiente de perigo eminente, a descrição sugere sensações visuais e auditivas: «Ua nuvem que os ares escurece/ Sobre nossas cabeças aparece» e «Bramindo, o negro mar de longe brada,/ Como se desse em vão nalgum rochedo».
Perante tal cenário tenebroso, Vasco da Gama evoca Deus, «Potestade», perguntando que ameaça ou mistério reserva a região aos portugueses, pois o que veem e ouvem parece ser mais perigoso que uma tempestade.
Estrofes 39 e 40: Caracterização do Gigante Adamastor.
Mal acaba de falar, Vasco da Gama e a tripulação são surpreendidos pelo Gigante Adamastor que se eleva do mar. Trata-se de uma figura mitológica criada por Camões (através do narrador, Vasco da Gama) para representar o medo perante o desconhecido, os perigos, os naufrágios e as tempestades que os portugueses têm de enfrentar até chegar à Índia.
O Gigante é horrendo, grandioso, disforme e ameaçador. É uma figura robusta e forte. Tem o rosto carregado ou sombrio, a barba esquálida, ou seja, suja. Os olhos são encovados e a postura é medonha e má. De cor terrena e pálida,