adam smith
Algumas das últimas mudanças propostas e que circulam na mídia tratam de grandes irritações: ultrapassagem pelo acostamento (quem, na estrada, não fica furioso quando passa um bando de gaiatos); gente distraída no celular fazendo manobras bruscas; meninos mimados fazendo rachas e forçando ultrapassagens; motoqueiros abrindo passagem no seu 'corredor' a base de chutes nos espelhos retrovisores e ao som de uma buzina estridente. Nada contra, mas fica a indagação de sempre: trata-se do essencial? E como fazer a fiscalização?
Também não vejo como essas mexidas no código vão melhorar os problemas principais do trânsito: os acidentes, os congestionamentos, a poluição e o custo do transporte público. Por exemplo, um estudo do Ipea/Denatran indicou que quase metade dos veículos com mais de cinco anos tem defeitos nos freios, faróis, pneus e direção, e os veículos com mais de 15 anos (cerca de 25% da frota) causam 40% dos acidentes. O óbvio, alguém que levar às ruas meia tonelada de sucata, sem as mínimas condições técnicas, é um acidente ou congestionamento ambulante. A Inspeção Técnica Veicular (ITV) é prevista no CTB. É Lei Federal desde o século passado. Mas, tirando alguns grupos que enxergaram uma maneira de ganhar uma grana, ninguém quis, ou ainda quer consertar a regulamentação e fazer valer a lei. No imaginário administrativo popular a ITV vai ser um imposto a mais, uma burocracia a mais e, pior, vai tirar uma sucata velha e querida das mãos de um eleitor. Então o essencial tende a ser postergado, embora com o uso da tecnologia