Abuso sexual contra criança
Em virtude de uma construção social histórica, homens e mulheres exercem papéis diferenciados na sociedade. Essa diferenciação é baseada em relações de poder na qual os homens têm predominância na vida pública, nas decisões de interesse comum, enquanto as mulheres relegadas à vida privada usufruem de menos poder. Essa realidade não é diferente entre meninos e meninas. Por esta razão, elas, pelo simples fato de serem do sexo feminino estão na linha de frente do abuso e exploração sexual. Grande parte destes crimes ocorre em meio à famílias desestruturadas socialmente, portanto incapazes de oferecerem os mínimos valores e condições para o desenvolvimento de uma criança. No seio desta falta de estrutura, estão as relações de desigualdade entre os pais das vítimas, quase sempre regada à violência e toda sorte de milhões sexistas.
Ainda é pouco o número de casos de abuso sexual denunciados aos serviços públicos. Essa impunidade conta com o silêncio como principal cúmplice. Esse silêncio, muitas vezes se prolonga na intenção de esconder a identidade do agressor, quase sempre alguém de confiança da vítima, pai, padrasto, tio, irmão e outros. Todos esses ingredientes cercam o crime de tabus e boicotam o seu combate. A violência contra a menina também é sofrida pela mãe que mesmo ciente do crime, evita a denúncia na tentativa de proteger o seu companheiro/agressor.
Ser criança e adolescente no Brasil é um desafio inglório. Mais inglório ainda, é ser criança ou adolescente e mulher. Mesmo com toda evolução tecnológica, ser mulher ainda é sinônimo de discriminação. Essa dura realidade necessita ser compreendida pelo poder público