Apesar da luta pela legalização, esta lei estúpida continua a suprimir o direito da mulher em relação a sua vida e ao seu corpo, fazendo com que milhões de mulheres por ano abortem em condições precárias correndo risco de vida, o aborto é a quarta causa de mortalidade materna no país, responsável por 10% dos óbitos... a questão do aborto também é uma questão de saúde pública! A legalização ao contrário do que afirmam alguns, não faria com que aumentasse sensivelmente o número de abortos já feitos, a situação atual é hipócrita porque o fato é que já se fazem milhões (um em cada três brasileiros teve/tem envolvimento direto com a prática do aborto) de abortos por ano no Brasil e não é querer fazer drama ou impressionar a mídia, é fato e portanto não há como discutir; o que leva uma mulher a fazer aborto é o desejo de não ter filhos (qualquer um dos citados neste texto), mas o que reduz a possibilidade de uma opção por abortar são as condições de vida que, de modo algum, são melhoradas pela proibição do aborto, nem ficariam piores com a sua legalização, e por trás desse argumento está uma posição terrivelmente autoritária, o que é inaceitável em pessoas que costumam se opor ao autoritarismo ("legalizar seria obrigar as mulheres a abortar") em seus discursos: impor as mulheres filhos que elas não desejam ter porque a sociedade não lhes dá condições para criá-los. Além disto as mulheres que hoje não abortam, não o fazem por questões de credo/ideais o que não seria abalado com a legalização, pois o que muda com a legalização são as condições em que o aborto é realizado (porque as mulheres com condições financeiras vão a clínicas ótimas, mas as que não possuem dinheiro recorrem a métodos que colocam suas vidas em risco - a não-legalização mantém mais um privilégio para as classes mais favorecidas); e não as convicções de cada mulher, a Igreja e os moralistas deveriam confiar mais nos ensinamentos transmitidos às suas fiéis, se elas acreditam continuarão a acreditar e não