Abordagem dos estudos de recepção
Trazemos um resgate do histórico dos estudos de recepção para melhor elucidar os caminhos teóricos pelos quais escolhemos seguir e, assim, delinear e evidenciar nossa proposta de entendimento dos papeis desempenhados no processo comunicativo. Apresentamos um pequeno recorte deste campo de estudo desde os estudos ingleses de meados do século XX, perpassando as linhas teóricas que influenciaram os estudos de recepção para, enfim, desaguar nas importantes e decisivas contribuições latino americanas para a área.
Desde o início do século XX os estudos de comunicação de massa têm se desdobrado num esforço para entender as relações entre o discurso e a recepção. Se outrora os estudos receptivos limitavam-se a análises psicologizantes agora, diante de inúmeros contribuições acadêmicas, o receptor, enfim, tem seu papel destacado no processo comunicativo. As décadas de 80, 90 e 00 foram marcadas por inúmeros trabalhos relevantes na área da comunicação social, muitos deles imbricados no cerne da relação entre o emissor e o receptor, tendo na contribuição de autores latino-americanos trabalhos resignificantes e de imensa influencia na área. A escola inglesa de Hoggart, Thompson e Willians nas décadas de 50 e 60 inclinou-se fortemente a formular políticas culturais repensando as relações com os meios de comunicação de massa e a cultura popular. Entendendo o modo como as representações de sexo, raça, classe social, ideologias e valores eram apresentados nas produções, enfocando, assim, a construção de identidades. Em 1980 o jamaicano Stuart Hall postulou a não determinação do significado da mensagem, como era previsto pelos funcionalistas, defendendo que este é, antes de tudo, contextual e multirreferencial. Esta análise se reconhece tanto para a codificação quanto para a decodificação, nesse caso o codificador (emissor) trabalha com sua realidade imprimindo-a no código