10 pontos para entender a crise na Argentina
Peso argentino desabou 11% no dia 23, na maior queda diária desde 2002.
Especialistas veem falta de credibilidade e modelo Kirchner como culpados.
A forte desvalorização do peso nos últimos dias levantou ainda mais dúvidas sobre a situação econômica da Argentina, que tem se agravado nos últimos meses com a disparada da inflação e a redução drástica das reservas internacionais.
1 - Calote de 2001 e desconfiança
2 - Restrições fazem dólar disparar
3 - Inflação alta e dados maquiados
4 - Falta de dinheiro em infraestrutura
5 - Derrota política, doença e reforma
6 - Cristina Kirchner muda o perfil
7 - Sucessão ameaçada em 2015
8 - Protestos de policiais e saques
9 - A 'guerra' contra o Clarín
10 - Crise longa e futuro preocupante
1- Em 2001, em meio a uma grave crise econômica e política, a Argentina anunciou um calote em sua dívida pública, que na época era de cerca de US$ 100 bilhões. A decisão abalou a confiança dos investidores, afastou empresas estrangeiras e fez o país ter dificuldades para conseguir empréstimos internacionais. A entrada de dólares ficou dependente da exportação do agronegócio. Mas a economia perdeu competitividade, e a entrada de moeda estrangeira com a venda de grãos e carne também caiu.
Com isso, a Argentina não consegue mais financiar as suas contas externas, e o volume de reservas internacionais – espécie de "poupança" em moeda estrangeira contra crises – vem caindo. Neste início de ano, o volume dessas reservas, que era de US$ 43 bilhões há 1 ano, caiu para menos de US$ 30 bilhões. As reservas internacionais brasileiras, para efeitos de comparação, somam mais de US$ 370 bilhões.
Em 2005, no governo de Nestor Kirchner, o país tentou recuperar credibilidade oferecendo a quem tinha sido prejudicado pelo calote pagamentos com descontos acima de 70%, a serem feitos em 30 anos. Mais de 90% dos credores aceitaram a proposta do governo, mas ações de quem rejeitou o acordo ainda correm em tribunais