05 Textos e contextos dos quatro evangelhos
No Antigo Testamento a palavra em hebraico “bissár” (= evangelizar) passa do significado profano de vitória sobre o inimigo (cf. 1 Sm 3,19 e o.) a significar proclamação de salvação (cf. Sl 40,4.10 e Is 52,7) até sua dimensão universal (cf. Is 40,9 e Sl 96,2s).
A palavra correspondente em grego “euaggélion” significa “notícia alegrante”, ou seja, “Boa Nova”. Nos impérios grego e romano dos séculos IV a.C. até o séc. I d.C. a palavra era atribuída também à vitória em campo de batalha e a notícias que diziam respeito ao imperador (sobretudo o nascimento de seu sucessor). Assim, logo o cristianismo entra em conflito com a “Pax Romana” estabelecida pelo império romano por anunciar “outro” evangelho, o de Cristo, e não de César!1
Como gênero literário os evangelhos são coisa absolutamente nova (originário de Mc 1,1, mas na tradição os quatro denominados de “Evangelhos” somente a partir de Justino, † 165 d.C.). O substantivo ocorre oito vezes em Mc e quatro em Mt. Lucas somente usa a forma verbal, no entanto até dez vezes! Dessa maneira os primeiros cristãos expressam a continuidade com o projeto e a prática de Jesus de “evangelizar”. Aliás, no período após a destruição do templo em Jerusalém (pela volta de 70 d.C. por parte dos romanos até o século III d.C. se encontram muitos evangelhos circulando nas mais diversas comunidades cristãs. Até hoje foram achados alguns desses, ou inteiros (Evangelho de Tomé) outros apenas de forma fragmentada (Evangelho secreto de Marcos, Evangelho de Pedro etc.).
Até então, os sumeros (“Epopéia de Gilgamesh” ou “Enuma Elish”; 2.000 anos antes de Cristo) e todas as culturas posteriores escreviam biografias de heróis (= “vita”) aos quais os evangelhos se assemelham exteriormente. Porém, os evangelhos não apresentam Jesus como herói, mas pelo contrário, como “anti-herói” que morre fracassado na cruz, condenado por Deus (cf. Dt 21,23). Os evangelhos atribuem um sentido completamente novo a essas