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EDITORIAL
O envelhecimento da população brasileira e os desafios para o setor saúde
Dentre as importantes mudanças pelas quais o Brasil passou nos últimos 100 anos, destaca-se a revolução demográfica. No início do século XX, a esperança de vida no país não passava dos 33.5 anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ela atingiu mais de 73 anos em 2009 (76,5 para as mulheres e 69 anos para os homens). A proporção de idosos subiu de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009, compondo hoje um contingente acima de 22 milhões de pessoas, superando a população de idosos de vários países europeus como a França, a Inglaterra e a Itália, de acordo com estimativas das Nações Unidas. O aumento da expectativa de vida tem sido mais impressionante entre idosos acima de 80 anos. Entre 1997-2007, a população de 60-69 anos cresceu 21,6%, e a de mais de 80 aumentou 47,8%.
Em decorrência, a taxa bruta de mortalidade caiu de 6,60‰ em 1997 para 6,23 ‰ em
2009, segundo o IBGE. Enquanto crescem as proporções de idosos no quadro demográfico, diminui o número crianças. As de 0-4 anos são agora só 7,2%, e o contingente dos que têm de 0-9 anos recuou de 30.206 milhões em 2007 para 29.392 milhões em 2009. Tais transformações têm implicações em todo o ciclo de vida e no perfil das faixas etárias, clamando por políticas adequadas e novas formas de organização social, condizentes com a sociedade contemporânea. Por exemplo, se há um menor número de crianças no país, é preciso investir mais qualitativamente em sua educação; o tempo da juventude deverá ser estendido, como ocorre hoje em vários países europeus, por causa das exigências competitivas do mundo do trabalho, e o momento da aposentadoria terá de ser retardado, na medida em que cresce o número de pessoas acima dos 70, 80, 90 e até 100 anos.
Na verdade, também o conceito de velhice envelheceu, pois cada vez mais os ritos de passagem que a anunciavam estão caindo em desuso. Atualmente, a maioria dos idosos