Análise de poesia

claramente, vem até nós. Este poema nos sugere um doer em doses, o poeta sente a vida verdadeira escorregar de sua existência, e o poema se passa nesse ritmo, no ritmo de uma conversa confessional. O ritmo de Dactilografia nos mostra uma expressão de impotência. Nos três primeiros versos percebe-se uma grande união entre a sonoridade e a semântica dos versos, pois não é por fazer uso de versos livres que Álvaro de Campos deixa o poema sem harmonia, é evidente a sonoridade causada por tais versos. O /mo/ das palavras firmo e remoto dá maior sonoridade ao conjunto. Nas palavras, plano, isolado e sou encontra-se forte sonoridade, a qual é causada pelo fonema /la/ e pelo fone [s] e o fone [o] causa a sensação de claustrofobia, de fechamento, como a semântica nos sugere, remete à idéia de fechamento do eu - lírico, carregado de profundidade. Nesses três primeiros versos se fizermos uma analogia à pintura, podemos dizer que temos uma obra cubista, pois o ritmo é trincado, dando a sensação de ser projeto de um engenheiro. No quarto e quinto versos há aliteração causada pelo fone [t]. O [r] de “sinistro” e “escrever” também traz muita sonoridade. O /acom/ e o /men/ de acompanhamento e o /men/ de banalmente são outros fonemas que formam aliteração. Porém o mais poético desses dois versos é a metonímia para tempo que podemos perceber com o uso da palavra tique-taque, que é uma onomatopéia para o ruído dos ponteiros dos relógios. Do sexto ao décimo terceiro…

cujo tema é a reflexão sobre o processo de criação poética e a sua relação com a Natureza, Caeiro reflete sobre poesia, contrapondo duas conceções. A primeira é a dos poetas que designa, ironicamente, por artistas, que a veem como um trabalho, uma construção, que constroem os seus poemas verso a verso, que valorizam o lado artificial ou mecânico do ato de criação: “trabalham nos seus versos / Como um carpinteiro nas tábuas” (comparação); “pôr verso sobre verso, como quem…

O universo das artes (Marilena Chauí) Unidade do eterno e do novo Alberto Caeiro, um dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa, leva-nos ao âmago da arte quando escreve: O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de vez em quando olhando para trás… E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, E eu sei dar por isso muito bem… Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança…

últimos, pentassílabos - e não existem as rimas externas). Além disso, há uma valorização da cultura greco-romana, pela exaltação dos deuses. Em relação ao conteúdo, o “eu - lírico” afirma que se a ciência é uma verdade, os deuses são mais ainda (idéia hiperbólica), pois aquela, apesar de ser verdadeira, possui falhas, diferente dos seres mitológicos que são perfeitos. Então, não cabe a ciência tentar desvendar esses mistérios dos deuses, mas adorá-los. Essa adoração é comparada às…

padrasto vêm viver para Lisboa e Pessoa volta a morar com eles.  1907: A família volta uma vez mais a Durban. Pessoa passa a morar com a avó. Desiste do Curso Superior de Letras. Em agosto, a avó morre. Pessoa monta uma tipografia mas esta dura pouco tempo.  1908: Começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em escritórios comerciais.  1910: Escreve poesia e prosa em português, inglês e francês. Biografia  1912: Publica na revista Águia o seu…

Matriculou-se na Escola Superior de Letras, mas não concluiu. Participou da publicação de várias revistas literárias, entre elas, Orpheu.A obra de Fernando Pessoa divide-se em ortônima, publicada sob seu próprio nome; e heterônima, publicada sob o nome de diferentes poetas que ele criou.São seus heterônimos: Alberto Caeiro, poeta simples e de pouca escolaridade, inspirado na vida do campo e temática bucólica, que acredita no uso das sensações para relacionar-se com a natureza. Outro…

exaltando a tipografia à qual se recorria neste período. O lema do primeiro manifesto era “Liberdade para as palavras”. Qualquer fronteira ainda existente entre a arte e o design é então eliminada. O Futurismo se insinua no âmbito de todas as expressões artísticas e inspira muitos artífices a instituir suas próprias escolas modernistas. Ele cultua de tal forma a novidade, que até mesmo se vê tentado a demolir instituições museológicas e cidades ancestrais. Para os futuristas as…

estão as telas Café e Os Retirantes. 4 - O que são poesias heterônimas (heteronímia) e ortonímia (ortonímia)? Heterônimas: Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu…

Já os poemas contemporâneos costumam ter formas mais soltas, menos determinadas. Além de serem expressos em diferentes organizações e formas gráficas, os poemas também falam sobre diferentes temas: a terra natal, uma história ou, ainda, injustiças e desigualdades sociais. Assim, também não são temas próprios que definem os poemas e os distinguem dos textos em prosa. A existência de rimas, por outro lado, também não é suficiente para transformar um texto em poema. Como distinguir,…

pagã” • 1914 – Alberto Caeiro – “aparecera em mim o meu mestre” • Álvaro de Campos – Ode Triunfal “nos homens a histeria assume principalmente aspectos mentais; assim tudo acaba em silêncio e poesia” in Carta a Afonso Casais Monteiro Celina Vilas-Boas ▪ 2010 Heterónimos O Mostrengo 1888-1935 2. «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou trez vezes, Trez vezes rodou immundo e grosso. «Quem…