“O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”
Infelizmente, o preconceito linguístico é alimentado diariamente pelos meios de comunicação em jornais, programas de rádio e televisão, manuais que querem impor o que é certo ou errado, sem falar nos livros didáticos e nas gramáticas normativas.
No livro “Preconceito Linguístico” o que é, como se faz, o autor Marcos Bagno desconstrói uma série desses mitos e preconceitos linguísticos que tanto atingem e menosprezam a sociedade brasileira em geral. Marcos descreve a existência de um círculo vicioso de preconceito linguístico composto de três elementos: o ensino tradicional, a gramática tradicional e os livros didáticos. Na visão de Bagno, isso não funciona assim, "a gramática tradicional inspira a prática de ensino, que por sua vez provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores, fechando o círculo, recorrem à gramática tradicional como de fonte de concepções e teorias sobre a língua".
O mito número 8 que recebe o nome “O domínio da forma culta é um instrumento de ascensão social”, tem muito a ver com o mito número 1, pois os dois mitos tratam de sérias questões sociais. Conforme Marcos:
É muito comum encontrar pessoas muito bem-intencionadas que dizem que a norma padrão conservadora, tradicional, literária, clássica é que tem de ser mesmo ensinada nas escolas porque ela é um “instrumento de ascensão social”. BAGNO, 1999, p.69. Se pararmos para pensar na citação acima e o domínio da forma culta fosse algo para ascender na sociedade, os professores de português ocupariam o ápice da pirâmide social, econômica e política do país, pois ninguém melhor do que eles