“Ensaio sobre a relação epistemológica entre probabilidade e método científico”
Na teoria clássica da probabilidade, as probabilidades de eventos primitivos ou elementares eram sempre especificadas em base a priori: os dados eram supostos perfeitos no sentido de que cada lado tinha uma igual chance de cair voltado para cima; as cartas eram baralhadas e distribuídas ao acaso, todas com a mesma chance de seleção.
Uma boa parte da teoria da probabilidade era relacionada com a matemática de derivar probabilidades de eventos complicados a partir desses eventos elementares cujas probabilidades eram conhecidas. Entretanto, probabilidades básicas referentes a fenômenos naturais não são conhecidas.
O conhecimento aproximado dessas probabilidades tem que ser obtido através de inferência derivada de realizações repetidas dos correspondentes fenômenos. Levou algum tempo para que as implicações dessa noção fossem completamente compreendidas. Assim que chegou essa compreensão, a estatística adotou a probabilidade e passou a constituir o suporte para o imenso desenvolvimento que ocorreu desde a metade do século XX.
A idéia da regularidade das ocorrências de eventos casuais discretos, tais como o lançamento de um dado e observação da face que resulta voltada para cima, emergiu relativamente cedo e é explicitada no trabalho de Galileu. A noção de que medidas em fenômenos naturais devem exibir semelhantes regularidades, denominadas regularidades estatísticas, que podem ser expressas matematicamente, parece ter-se originado em astronomia, em conexão com medidas de percursos de astros. Logo que ficou conhecido