“Como um cão”- A utopia possível
Palavras – chave:
-Filosofia da História
-Pós-modernidade
-J M Coetzee
“A época moderna, com sua crescente alienação do mundo, conduziu a uma situação em que o homem, onde quer que vá, encontra apenas a si mesmo.”
Hanna Arendt
Era comum afirmar que a melhor maneira de compreender o presente é olhar para o passado. Nossa visão ocidental sobre o real constituiu - se sob um esquema de ordem e sentido progressivos motivada por uma compreensão teleológica–que escolheu o futuro como foco da história.
As razões para tanto se originaram nas repercussões universais que processos como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial orquestraram no mundo civilizado ocidental, criando uma nova perspectiva para aquelas sociedades. Em fins do século XVIII, o caráter revolucionário que então a “história” adquiriu, passa a nortear definitivamente o olhar do chamado homem moderno, o qual procura dar um sentido maior à sua existência, acalentando o sonho de que o curso da história, nas palavras de Lowith: “ extirpará todo o mal, em nome de um objetivo fundamental que preencherá de valor e significado o destino dos povos e nações do mundo.”
Sabemos que nem a Antigüidade Clássica e nem mesmo os cristãos e judeus localizavam na história esse sentido último. Para os antigos, a natureza era um “fenômeno” cujo curso cíclico determinava a razão da vida. O imutável e o constante norteavam a perspectiva de mundo dos gregos, segundo a qual, a natureza de todas as coisas era “desenvolver-se e degradar-se”.A tarefa da história, então, era livrar os feitos humanos do esquecimento. Para os cristãos e judeus, a história dos homens era uma história da salvação, isto é, seu destino se inscrevia numa perspectiva transcendente e atemporal