‘Trabalho bem feito coloca aluno no lugar do outro’
No bairro de Vila Nhanhá, em Campo Grande (MS), onde trabalho na Escola Municipal Brígida Ferraz, há muitas famílias de presidiários ou de ex-presidiários. A questão do ambiente familiar a gente não tem como mudar, mas o comportamento na escola serve como referência para a criança. Pelo menos em algumas horas do dia, ela consegue saber que existem regras, que o professor é o mediador e que vai interferir em diversas situações.
Assim, várias crianças que são violentas mudam de postura e as que são mais introspectivas se aproximam do grupo e passam a interagir um pouco mais. Dois irmãos autistas, que atendo com ajuda de um monitor, ao longo do ano saíram da repetição e passaram a interagir de forma positiva com os colegas e com os materiais que utilizo nas aulas.
A aula é pensada segundo um método heurístico, de eureca, que remete a descobrimento, e eu deixo os materiais disponíveis para os alunos interagirem. Uso isso também com os maiores e me coloco como alguém pronto para ajudar quando for necessário. Nesse momento, eles perguntam se podem fazer um jogo de tabuleiro ou um outro esporte. Deixo eles à vontade, mas em alguns momentos faço intervenções.
Os alunos fazem duas aulas semanais agrupadas em duas horas. Em 1h30, faço uma atividade bem orientada mesmo e, nos trinta minutos finais, acho importante dar uma “liberdade controlada”, até para saber o quanto eles assimilaram dos valores e temas que trabalhei.
Nas séries iniciais do ensino fundamental, trabalho com circuitos e colchonetes no chão em atividades que não incluem necessariamente a bola e que vão servir como base