ÉÇA À LUPA!
Introduções: o estilo queirosiano vai perfilar-se depois do MES e das
FARPAS, lupa sobre uma sociedade adulterada A originalidade da estilística
Olhares: dos outros, do narrador
O amor da perfeição
Bibliografia
Leitura-dos-clássicos -isabel neto-48679-prof.maria-fatima-morna
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Introduções
O estilo queirosiano vai perfilar-se à saída do Mistério da Estrada de
Sintra, no período de transição do romantismo para o realismo. Depois da vertente ficcional do MES e da vertente sociológica das FARPAS, o novo projecto passa por uma intervenção de crítica social, lupa sobre uma sociedade adulterada.
Depois do “falhanço” das «Conferências do Casino» em que a de Eça foi precisamente sobre o «Realismo como expressão de Arte» não há já a ideia de instruir o país, mas de invectivá-lo. A preocupação é perceber e expressar o real traçando uma galeria de tipos da sociedade portuguesa.
A originalidade estilística
Segundo Guerra da Cal, estudioso do estilo queirosiano, o estilo na poesia é a construção de imagens e na prosa é a sua descrição. Em Eça, os limites entre poesia e prosa estão muito diluídos e a força da prosa vem-lhe da utilização da linguagem falada. O tema antes de ser tratado nada é. É pela técnica, método, processo utilizado que o objecto estético se transforma em obra de arte. É o documento e o monumento.
Eça vai fugir à linearidade uniforme da prosa característica dos clássicos e dos românticos imprimindo ritmo, música, volúpia, impressão e sensação ao rigor da forma. Com o desdobramento verbal da palavra na frase, da frase no período, do período na página e da página no texto. Eça recorre ao estilo como se fosse um artesão: para obter do seu objecto não só estética mas também utilidade. O fascínio da sua prosa reside na tensão permanente, no contraponto entre a musicalidade plástica, visual e sonora do verbo e a expressão do tema. A inovação estilística resulta da interrupção do curso da
frase