Ética
A Psicanálise se propõe a escutar o desejo de cada sujeito
A relação da Ética com a Psicanálise pode ser abordada de duas formas: Uma primeira maneira seria de uma ética profissional, da mesma forma que falamos de uma ética das outras profissões podemos falar de uma ética da Psicanálise; Outra forma de abordar o assunto seria pensar às implicações éticas do surgimento da Psicanálise no Ocidente.Ao falarmos de uma ética da Psicanálise estamos falando em primeiro lugar de uma proteção aos clientes que estão submetidos a uma intervenção psicanalítica. Esse cuidado com o analisando protege-os de eventuais abusos proporcionados pelos analistas ao ocuparem uma posição privilegiada em função do amor de transferência. Dentro deste mesmo enunciado ainda teríamos uma ética implicada na formação institucional, a qual diz respeito às condições da transmissão do saber psicanalítico.Também podemos inserir a Psicanálise como pensamento e prática questionadora dos pressupostos éticos tradicionais. Embora ela não tenha surgido como uma proposta de nova ética para a modernidade, foi convocada para responder às hiâncias do discurso existencial moderno além ocupar além de uma prática terapêutica uma posição de Filosofia existencial que teria respostas para a angústia do nosso tempo.Temos na contemporaneidade a cura do sofrimento como eliminação de angústia e de todo mal estar. Alinhado com o Eudemonismo temos um discurso utilitarista, o qual acredita que o psiquismo pode se libertar da ação do inconsciente e servir a uma completa e total inflação de um eu imaginário e soberano, feliz e pragmático. Dito isto, não é difícil de perceber que a finalidade é o ajustamento dos sujeitos em uma cultura do individualismo e do narcisismo.
A Psicanálise faz duras críticas à ética cristã fundada no apelo ao amor: “Amarás o próximo como a ti mesmo.” Esse discurso não se sustentaria, pois a entrada do outro em nossa vida desperta como primeiro afeto o ódio, e não o amor.