Ética e relativismo cultural
Este trabalho trata da ética e do relativismo cultural. Procura mostrar que o relativismo cultural enquanto princípio de conduta moral não é plausível para uma ética universal, isto é, para todos os povos. Afirma também que o desacordo moral entre sociedades não mostra que não há verdades neste domínio. Ao compreendermos que nossos atos e nossas atitudes estão relacionados com a cultura da qual fazemos parte, podemos aumentar nossa tolerância com as pessoas que são por nós considerados diferentes. E, ao mesmo tempo, iremos observando que em diferentes culturas há valores mais amplos que vão gradativamente predominando e que, provavelmente, passarão a se constituir em valores universais adotados por toda a raça humana, como por exemplo, os direitos humanos, a qualidade de vida, o respeito ao meio ambiente, entre outros.
1. ÉTICA E RELATIVISMO CULTURAL
O conceito de cultura assume, na ciência antropológica, um sentido bastante específico, e é importante demarcar esta especificidade em relação às outras concepções sobre o termo, sobretudo no que se refere à compreensão leiga de que a cultura é um atributo de pessoas intelectualizadas ou estuda. Nada disso. Cultura é um conceito que se relaciona com a verdade de manifestações típicas de um grupo social, de um povo ou de uma sociedade, que são aprendidas por cada indivíduo na convivência com os demais. Freqüentemente, podemos observar no mundo contemporâneo um apelo ao respeito da diversidade cultural. Este discurso parece partir da necessidade de reconhecermos a importância de outras culturas em relação a nossa, já que há tempos está consolidada a idéia de que temos uma unidade biológica, sejamos nós vermelhos, brancos, negros ou de qualquer outra cor. Nesse sentido, surge uma das bases da Antropologia, o relativismo cultural, isto é, os valores são relativos a cada cultura, não existindo um valor objetivo que sirva para todas. Entretanto, o relativismo cultural não é útil para uma ética do mundo