ética e pesquisa
ÉTICA E PESQUISA*
PAOLO NOSELLA**
Deve-se buscar a base científica da moral na afirmação de que a sociedade não se propõe problemas para cuja solução não existam as condições, no sentido de que, quando estas existem, a solução daqueles se torna “dever” e a vontade de resolvê-los se torna “livre”. A ética, portanto, é uma investigação sobre as condições necessárias para a liberdade de querer algo num certo sentido, em direção de um determinado fim.
(Gramsci, 1975, p. 855; tradução minha)
RESUMO: Ética, numa perspectiva histórico-dialética, é querer um certo bem geral, uma vez que existam as condições materiais e técnicas indispensáveis para a concretização desse bem. A cada momento histórico, o homem enfrenta novos problemas; quando descobre as condições para a sua solução, a determinação política de resolvê-los torna-se um dever, isto é, uma questão ética. Pesquisa é descobrir novos conhecimentos que possibilitem a solução dos novos problemas enfrentados pela humanidade. Em outras palavras, a pesquisa transforma o problema técnico em questão ética. O tema que este artigo desenvolve esclarece os fundamentos histórico-filosóficos da relação entre as atividades de pesquisa e as obrigações morais ao logo da história, com destaque ao momento atual, isto é, à sociedade pós-industrial das duas últimas décadas do século XX que vive o pico da evolução científico-tecnológica, cujas conseqüências principais são a diminuição do trabalho fadigoso e a concentração da riqueza.
Palavras-chave: Filosofia. História. Educação. Ética. Pesquisa.
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Conferência proferida no XIV Congresso de Iniciação Científica, na Universidade Estadual
Paulista (UNESP ) de Presidente Prudente (SP), a 26 de setembro de 2002.
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Doutor em Filosofia da Educação, professor titular aposentado do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e professor da Universidade Nove de Julho (UNINOVE). E-mail: nosellap@terra.com.br
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