Ética na propaganda

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Na faculdade, os professores de Ética costumam dar questões éticas referentes à publicidade e propaganda como exercício de raciocínio de grupo. Uma destas questões era sobre anunciar produtos nocivos à saúde: É ético ou não? Uma agência deveria se recusar a atender esse tipo de conta por seus princípios?
Eis que no ano de 2000, com a ajuda do então Ministro da Saúde José Serra, foi aprovado junto ao senado o Projeto de Lei que proibiu a publicidade em todos os meios de comunicação e as cotas de patrocínios de eventos esportivos e culturais, com exceção apenas do PDV. Desde 1996, Brasília havia tornado obrigatória a advertência sobre os perigos do uso nas peças publicitárias e nos maços de cigarro.
Um esforço que, acredito eu, incomodou a maioria dos fumantes, assim como a um amigo meu da época que chegou a confeccionar seus próprios ‘protetores de maço’ para ocultar as imagens da campanha contra o tabagismo do Ministério da Saúde.
Depois de mais de uma década de campanha do Ministério da Saúde, o consumo ainda continua altíssimo. Por se tratar de uma comercialização lícita e regulamentada, todos os usuários que entraram com ações contra as fabricantes Philip Morris e Souza Cruz, perderam a causa. Isso ocorre, pois a justiça acredita ser responsabilidade apenas do usuário a opção pelo consumo. Já as fabricantes, e alguns juízes, preferem ignorar que a nicotina é considerada a substância de maior poder de vício, segundo a Organização Mundial de Saúde.
O cenário acusa que as campanhas de conscientização ainda não foram o suficiente para diminuir o número de novos adeptos ao uso a cada ano. Mais do que anunciar os riscos, o objetivo dessas campanhas é fazer, através da persuasão, com que as substituam a imagem de sedução que o cigarro possui por uma de dependência, expondo os malefícios à saúde, e até mesmo da morte nua e crua. Mas, é aí que entra novamente, a ética e a moral, perguntando até que ponto se pode agredir o impactado para que ele entenda a mensagem?

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