Ética Moderna e Contemporânea
1.1 A moral Iluminista
Durante a Idade Média, a visão teocêntrica do mundo fez com que os valores religiosos impregnassem as concepções éticas, de modo que os critérios do bem e do mal se achavam vinculados à fé e dependiam da esperança de vida após a morte.
Na perspectiva religiosa os valores são considerados transcendentes, porque resultam de doação divina, o que determina a identificação do homem moral com o homem temente a Deus. No entanto, a partir da Idade Moderna, culminando no movimento da Ilustração no século XVIII, a moral se torna laica, secularizada. Ou seja, ser moralmente correto e ser religioso não são polos inseparáveis, sendo perfeitamente possível que um homem ateu seja moral, e mais ainda, que o fundamento dos valores não se encontre em Deus, mas no próprio homem.
O movimento intelectual do século XVIII conhecido como Iluminismo ou Ilustração e que caracteriza o chamado Século das Luzes exalta a capacidade humana de conhecer e agir pela "luz da razão". Critica a religião que submete o homem à heteronomia, que o subjuga a preconceitos e o conduz ao fanatismo. Rejeita toda tutela que resulta do princípio de autoridade. Em contraposição, defende o ideal de tolerância e autonomia.
No lugar das explicações religiosas, a Ilustração fornece três tipos de justificação para a norma moral: ela se funda na lei natural (teses jusnaturalistas), no interesse (teses empiristas, que explicam a ação humana como busca do prazer e fuga da dor) e na própria razão (tese kantiana).
1.2 Kant
A máxima expressão do pensamento iluminista se encontra em Kant (1724 -1804). que, além da Crítica da razão pura, escreveu a Crítica da razão prática e Fundamentação da metafísica dos costumes, nas quais desenvolve a sua teoria moral. A razão prática diz respeito ao instrumento para compreender o mundo dos costumes e orientar o homem na sua ação. Analisando os princípios da consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é